Devia ser fácil largar, tão fácil quanto foi te olhar e me apaixonar. Insistente como sempre permaneces no meu coração, depressa fizeste dele tua casa, teu abrigo. Depois de me abandonares nele ficou tudo de ti, o retrato na mesa ao lado da cama onde costumava adormecer docemente nos teus braços, as paredes onde ainda ecoam o som dos risos, das palavras, dos sonhos até. Não havia nunca tido a certeza de que seria para sempre, mas nunca imaginara que fora tão efémero. Tive vontade de dizer que te amava, enquanto te contemplava durante o teu dormir. Ficou tanto por dizer, tantos dias por clarear, tanto por acontecer, de facto não estás sequer ciente do que tiveste entre mãos, nunca foste merecedor da realidade que vivias, ainda assim deixaste-a escapar pelos dedos como areia fina. Não estou certa dos teus motivos, nem tu na verdade te sentes certo deles, e submetes tudo a esse medo débil, a essas inseguranças que te amedrontam. Voltas ao teu mundo e nele, e a ele, te limitas, dentro da mais consistente muralha … mas até os maiores muros caem um dia!