quarta-feira, 14 de julho de 2010




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Não vou negar que há saudade entre os momentos de raiva, de decepção, que ela existe quando vasculho as imagens, os momentos existentes na minha memória, que por muito que não queira fazem tão parte de mim como qualquer uma cicatriz na minha pele. E tão como qualquer cicatriz essas vivências arquivadas na memória são impossíveis de apagar, de desvanecer por muito que queira, por muito que deseje não as lembrar, não as reviver … não as sentir. E essas memórias trazem consigo essa estranha saudade sem nome. Mas vivo sabendo que mais dia, menos dia te esqueço. Um dia não haverá um passado ao qual possa desejar regressar, e esqueço-te sem rancor, sem mágoa, sem mais choros desolados de longas noites, e na verdade aos poucos vais abandonando os lugares, os momentos, o teu cheiro começa a delir, e a tua imagem perde cor como dias de inverno, deixo de ouvir o teu sorriso e o meu é tudo e apenas o que eu desejo ouvir agora. Hoje entendo que nunca estive tão só em momento algum como estive nesses meses em que amei a ilusão, decerto a mais agradável de saborear, amei a imagem do que seria o perfeito, mas esse agora sei é tão intocável quanto o que não é real, é tão despropositado quanto desejar o que é errado, o que de todo não nos pertence, nunca pertenceu. Ninguém bebe veneno desejando água, ninguém, apenas eu, queimando por dentro corpo e alma.
E é do nada, apenas e só do nada, que tudo recomeça, e eu sou agora uma página em branco, com tudo para viver, sem medos, sem desejo desse passado que se distancia a cada segundo. E agora com o fim de preocupações alheias sobra tempo para pela primeira vez pensar de forma racional no que aconteceu, digerir o fim dessa história que foi um dia o meu conto de fadas. E de facto, devido às circunstâncias, às mudanças que dolorosamente impuseste, essas que aconteceram essencialmente dentro de ti, não vejo, hoje, melhor desfecho do que este que escolheste, ao qual, é verdade, me custou tanto a adaptar. Não posso lamentar a perda de algo que na verdade eu nunca tive!



( Não sei o que ainda te traz aqui. )


2 comentários:

  1. eu peço desculpa por invadir, mas não podia deixar de salientar a beleza deste texto. está mesmo muito bonito, muito verdadeiro :| *

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  2. este texto está fantástico e acima de tudo é um acto de coragem.

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