Essa realidade, nossa em tempos, continua tão presente como se ainda pudesse saboreá-la, e a saudade resume hoje todas as horas desses tempos em que tudo parecia tão certo. Parte de mim, a mais razoável talvez, consciencializa-me do quanto é tarde e do quanto a distância impôs seu forte reinado entre nós. A outra, continua a desejar-te sem fim, sem razão, faz das vontades esperanças e vivo dessa imensa ilusão de te ver voltar em breve. Na verdade eu sei quão ilusória essa realidade do teu regresso pode ser. Não me queres perder, mas não sabes me ter. A intimidade que atingiu a nossa relação foi o verdadeiro motivo da tua partida, esse medo estranho de te envolveres, de te dares como se te fosses perder, sem saberes que perdido já vives nesse labirinto de dúvidas a que chamas vida. És o ser mais racional que conheço, e admiro por vezes essa capacidade fria de descartar os sentimentos. Nunca soubeste dar, nunca deste sequer metade do que recebias, de alguma forma durante a tua existência algo te roubou tal dom básico, e tantas dúvidas, tantas incertezas não te deixam ver o quanto a tua ausência afecta e transtorna tal coração. Eu sei que vives de tempo contado, e dessas contas pouco ou nada resta requer para lembrar que existo, que um ser te espera, te lembra a cada instante, a cada passo que dás, que por ti chora enquanto tu tranquilamente adormeces. Aí percebo como diferentes são os mundos em que vivemos, como somos nós tão diferentes, eu ingénua apaixonada sempre disposta a dar-te este mundo e o outro, e tu um eremita cerrado entre muros de betão, sem qualquer brecha, afastando quem te quer tão bem. E acredita que te quero bem apesar de todas as dores a que me obrigo por ti, mesmo quando o teu silêncio é o único som que ouço durante horas, dias, semanas, a única melodia que me embala e com a qual adormeço. Nem esse desprezo frio a que me vou habituando desvanece a tua imagem. Eu sei o quanto é irónico desejar tanto alguém que ignora até a minha existência. Continuo a preferir acreditar que a qualquer instante romperás este silêncio, este vazio que se acomodou a este meu peito, espero esse dia mais do que qualquer outra coisa, embora saiba como triste e vã poderá ser a minha espera, e como horrenda poderá ser a minha queda. Enquanto houver amor, haverá esperança.
domingo, 14 de fevereiro de 2010
Essa realidade, nossa em tempos, continua tão presente como se ainda pudesse saboreá-la, e a saudade resume hoje todas as horas desses tempos em que tudo parecia tão certo. Parte de mim, a mais razoável talvez, consciencializa-me do quanto é tarde e do quanto a distância impôs seu forte reinado entre nós. A outra, continua a desejar-te sem fim, sem razão, faz das vontades esperanças e vivo dessa imensa ilusão de te ver voltar em breve. Na verdade eu sei quão ilusória essa realidade do teu regresso pode ser. Não me queres perder, mas não sabes me ter. A intimidade que atingiu a nossa relação foi o verdadeiro motivo da tua partida, esse medo estranho de te envolveres, de te dares como se te fosses perder, sem saberes que perdido já vives nesse labirinto de dúvidas a que chamas vida. És o ser mais racional que conheço, e admiro por vezes essa capacidade fria de descartar os sentimentos. Nunca soubeste dar, nunca deste sequer metade do que recebias, de alguma forma durante a tua existência algo te roubou tal dom básico, e tantas dúvidas, tantas incertezas não te deixam ver o quanto a tua ausência afecta e transtorna tal coração. Eu sei que vives de tempo contado, e dessas contas pouco ou nada resta requer para lembrar que existo, que um ser te espera, te lembra a cada instante, a cada passo que dás, que por ti chora enquanto tu tranquilamente adormeces. Aí percebo como diferentes são os mundos em que vivemos, como somos nós tão diferentes, eu ingénua apaixonada sempre disposta a dar-te este mundo e o outro, e tu um eremita cerrado entre muros de betão, sem qualquer brecha, afastando quem te quer tão bem. E acredita que te quero bem apesar de todas as dores a que me obrigo por ti, mesmo quando o teu silêncio é o único som que ouço durante horas, dias, semanas, a única melodia que me embala e com a qual adormeço. Nem esse desprezo frio a que me vou habituando desvanece a tua imagem. Eu sei o quanto é irónico desejar tanto alguém que ignora até a minha existência. Continuo a preferir acreditar que a qualquer instante romperás este silêncio, este vazio que se acomodou a este meu peito, espero esse dia mais do que qualquer outra coisa, embora saiba como triste e vã poderá ser a minha espera, e como horrenda poderá ser a minha queda. Enquanto houver amor, haverá esperança.
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gostei dos teus textos..
ResponderEliminarespero que nunca percas a esperança :)